13 de junho de 2012

13 de junho Santo Antonio de Pádua ou Lisboa



SANTO ANTÔNIO

A vida de Santo Antônio continua chamando a atenção de muita gente por esse mundo a fora. Como nós sabemos, Santo Antônio nasceu numa família rica e importante de Portugal. Mas logo cedo quis viver o despojamento da vida de Jesus Cristo junto à comunidade do mosteiro da Ordem dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho. E quando seus parentes quiseram favorecer uma vida mais fácil dentro do mosteiro de São Vicente de Foras, periferia de Lisboa, mudou-se para o mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, fugindo assim das facilidades que queriam para ele.
Mais tarde, querendo viver uma vida ainda mais radical, passou a seguir o caminho da pobreza evangélica, na imitação de Cristo, do jeito do Pobre de Assis, São Francisco. Antônio nasceu para servir! E fez-se servidor da Palavra de Deus que anunciou não só com sua voz, mas, sobretudo, com seu exemplo.
Vamos conhecer um pouco da vida deste grande santo franciscano para aprender dele e com ele seguir Jesus Cristo vivendo o mandamento do amor!



"Nasceu rico, fez-se pobre"

O tema faz-nos lembrar a afirmação de São Paulo que diz: “Jesus, embora fosse rico, se tornou pobre por causa de vocês, para com sua pobreza enriquecer vocês” (2Cor 8,9). E Santo Antônio, conforme nos conta a história, também nasceu de família rica. Seu pai Martinho de Bulhões, era cavaleiro do Rei Afonso II de Portugal, e sua mãe, Maria Teresa Taveira, aparentada com Failo I, o quarto rei das Astúrias. Seu avô, o conde Godofredo de Bulhões foi o comandante da primeira cruzada, “guerra santa” dos cristãos contra os maometanos que dominavam a Palestina, terra onde nasceu Jesus. Também tinha um tio chamado Fernando de Bulhões que era cônego e diretor de uma escola onde estudavam os filhos dos ricos, dos políticos e nobres. Nosso santo nasceu em Lisboa no dia 15 de agosto de 1195. Recebeu na pia batismal, na catedral de Lisboa, o nome de Fernando, que significa “ousado campeão da paz”. A casa onde nasceu Santo Antônio fica ao oeste da Sé de Lisboa, muito perto do portal principal. Certamente tinha outros irmãos. Entretanto somente temos conhecimento seguro de uma irmã, chamada Maria e que morreu em 1235 no mosteiro de São Miguel em Lisboa como cônega. Ela ainda vivia quando seu irmão, Santo Antônio, foi canonizado em 30 de maio de 1232.
Logo cedo, Santo Antônio foi para a escola onde seu tio era o diretor. Por ser filho do governador, vivia no luxo e na regalia, tinha tudo para buscar a vida e o ideal dos ricos de seu tempo. Mas quando Deus escolhe e chama alguém, não se pode fugir de seu caminho, e Santo Antônio fugiu foi da riqueza, da politicagem, da mentira e bajulação e buscou a felicidade bem longe de tudo isso. Certo dia, já rapazinho, assim desabafou:
“Ó mundo! Como você é um peso para mim!
O seu poder é nada!
Você não passa de uma varinha fraca.
As suas riquezas são como uma baforada de fumaça, e os seus prazeres como uma pedra traiçoeira, na qual a coragem de um homem de bem se afunda”.
“Acolheu com alegria a sabedoria da Palavra de Deus”

Em Lisboa, o rei de Portugal Dom Afonso I mandou construir um mosteiro e deu o nome de São Vicente de Fora. Queria que aquele lugar marcasse a vitória dos portugueses contra os seguidores de Maomé, que quiseram tomar Portugal. Nessa guerra contra os maometanos, o avó de Santo Antônio foi muito importante.
Para tomar conta do mosteiro, que ficava fora da cidade de Lisboa, o Rei convidou os religiosos chamados Agostinianos, que já tinham um mosteiro em Coimbra, o de Santa Cruz. Os Agostinianos eram muito estudados, possuíam terras e se relacionavam muito bem com os nobres, ricos e letrados da região.
Foi para o mosteiro de São Vicente de Fora que Santo Antônio entra para a vida religiosa, em 1210, com a idade de 15 anos. Sofreu a resistência de seus pais e parentes que queriam que seguisse uma outra carreira mais vantajosa de glórias, poder e riqueza, mas nosso santo tinha escutado o chamado de Deus e manteve-se firme em sua decisão.
Mas a vida para Antônio no mosteiro foi difícil, sobretudo porque seus parentes queriam interferir demais, oferecendo-lhe facilidades e conseqüentemente o interesse dos cônegos em manter um relacionamento social estreito com nobres e ricos incomodavam a Antônio. Ele queria uma vida que correspondesse às exigências do Evangelho.
Assim, dois anos mais tarde, em 1212, foi transferido para o mosteiro de Santa Cruz e lá encontrou ambiente propício para seu crescimento humano e espiritual. Dos Sermões que nos deixou, pode-se concluir que Antônio aproveitou intensamente as possibilidades de estudo que lhe foram oferecidas em Coimbra. Possuidor de uma memória extraordinária dedicou-se em especial ao estudo das Sagradas Escrituras, encontrando para isso mestres dedicados e um mosteiro com uma biblioteca bem provida, possuindo também as obras de Santo Agostinho, que inspirava a vida dos cônegos agostinianos.
Nosso santo fez das Escrituras aquilo que o salmista já afirmara: “Tua Palavra a é luz para os meus passos”. Nas Escrituras encontrou a verdadeira sabedoria que está na vida de Jesus Cristo que “é poder de Deus e sabedoria de Deus” (1Cor 1,24).


“Partiu para os desafios do mundo”

Não se pode negar a importância que teve para Antônio a passagem pelos mosteiros dos agostinianos, tanto em Lisboa quanto em Coimbra. Dificuldades não faltaram, mas também as oportunidades para uma formação espiritual e teológica que o firmaram na fé e no amadurecimento para futuras decisões são inegáveis. E o nosso santo tem consciência disso e sabe ser agradecido àqueles que o ajudaram a percorrer esse caminho. Mas a vida no mosteiro de Santa Cruz estava limitada demais para alguém que se caracteriza pela “inquietação evangélica”. E essa inquietação aumenta quando chega a Portugal, no ano de 1217, o sopro renovador e missionário do movimento religioso iniciado por Francisco de Assis, e que nem tinha dez anos de existência. Os franciscanos estavam presentes em Coimbra e em Lisboa.
O modo de vida, marcado pela pobreza, simplicidade e proximidade do povo marcava a presença dos irmãos menores. Dois anos mais tarde, em 1919, São Francisco enviou em missão entre os maometanos cinco frades, Berardo, Pedro, Oto, Adjuto e Acúrsio. Foram anunciar o evangelho entre os sarracenos em Servilha, Espanha, dominada por eles. Lá foram condenados à morte, mas receberam indulto de liberdade e expulsos do país. Mas insistentes foram para o Marrocos e lá sofreram o martírio, sendo decapitados no dia 16 de janeiro de 1220. Seus corpos foram levados para Portugal e sepultados no mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, onde morava Santo Antônio.
O testemunho dos frades mártires e a proposta de vida evangélica lançada por Francisco de Assis a toda a Igreja, mexeu com Antônio que pediu para sair do mosteiro e ir para o Ordem dos Frades Menores. Foi difícil receber a autorização do superior mas Antônio conseguiu. Diz-se que um dos cônegos despediu-se de Antonio dizendo, certamente com ironia: “Vai, pois, vai, agora podes enfim tornar-te santo!” Também dizem que Antônio respondeu: “Se acaso ouvires alguma vez que eu me tornei santo, então louva o Senhor Deus”. Tinha razão, Antônio será o “santo do mundo inteiro” e vai se santificar no contato diário com as pessoas, ajudando-as a encontrar em Deus o sentido para viver e para enfrentar os desafios da vida. A vida de Antônio não foi fácil, mas jamais procurou as facilidades deste mundo, sabia que o caminho do Senhor é estreito e é nele que caminhamos para a verdadeira felicidade.

“Firmou-se na virtude da humildade”

Foi em 1220 que Fernando saiu do mosteiro agostiniano e entrou na Ordem franciscana. E como o conventinho dos frades em Coimbra tinha como padroeiro o eremita Santo Antão, foi esse o nome que Fernando recebeu agora como frade menor: Antônio. O costume de mudar o nome tem fundamento bíblico e quer significar começo de uma nova vida, com uma nova identidade. Logo Antonio manifestou o desejo de ser missionário no Marrocos, mostrando assim que o exemplo dos cinco mártires franciscanos marcou profundamente a sua vida.
Pelo fim de 1220 recebeu a licença de seus superiores e partiu para o Marrocos em companhia de outro frade de nome Filipe. Chegou ao Marrocos, mas adoeceu de uma doença febril por um longo período no ano de 1221. Foi aconselhado a voltar para a terra natal e na viagem de regresso, mesmo não sendo tempo de tempestades, um forte vento arrastou o barco para a costa da Sicília, Itália, ao invés de ir para Espanha ou Portugal.
Acolhido pelos frades em Messina, na Sicília, foi compreendendo os caminhos misteriosos da vontade de Deus e humildemente submetendo-se à Sua vontade.
No fim de maio de 1221, Antônio participou do Capítulo geral da Ordem, em Assis, vindo a conhecer São Francisco. Após o Capitulo, Antônio é designado para morar no norte da Itália. No conventinho de Monte Paolo, viveu uma vida de recolhimento e também assumiu as tarefas de lavar a louça e limpar o chão.
Neste contexto de vida de oração e trabalhos humildes é convocado para receber a ordenação sacerdotal, em 1222. E é justamente na festa de ordenação, na hora da refeição festiva que é convocado pelo superior para fazer uma pregação improvisada. Sua pregação impressionou a todos e a partir daí, foi designado para a atividade do apostolado e da pregação.
Antônio experimenta na própria pele a palavra do Senhor no Evangelho: “Quem se eleva será humilhado, e quem se humilha será exaltado” (Lc 14,11).
Para quem pretendia ser mártir no Marrocos e teve de tomar caminhos tão diversos, entende que a vontade de Deus só pode ser compreendida pelos humildes. Daí dizer que “a humildade é a mãe e a raiz de todas as virtudes”.

“Foi defensor dos oprimidos”

Santo Antônio viveu comprometido só com o Evangelho. Foi o que ele buscou viver entre os franciscanos que tinham sua Regra de vida que começava assim: “A Regra e a vida dos frades menores é viver o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, em obediência, sem nada de próprio e em castidade.

Quando uma pessoa tem compromisso só com o Evangelho, torna-se livre para anunciar o que Deus inspira e denunciar tudo o que está contra a Sua vontade. Por isso, Santo Antônio foi sempre uma pedra de tropeço para quem andasse no caminho da injustiça e da opressão aos pobres.

Sua atuação como pregador foi o anúncio da vida em abundância para todos, mas em especial dos que dela são privados. Também Jesus inaugura sua missão evangelizadora, segundo o evangelho de Lucas, dizendo: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa Notícia aos pobres...”(Lc 4,18). Jesus lê e diz que nele se cumpre a palavra de Deus anunciada pelos profetas.

Santo Antônio, cheio da força da palavra profética de Deus, atacava publicamente as injustiças e as desordens sociais.

Contra os que exploravam os pobres sempre teve palavras claras. Num de seus sermões afirma: “Quem aperta uma pessoa pela goela, tira-lhe a voz e a vida. As posses do pobre são a vida dele, e como a vida vive do sangue, ele deve viver disso. Se tirares aos pobres seus parcos haveres, estarás a sugar o sangue dele, estarás a sufocá-lo, e enfim tu mesmo serás sufocado pelo diabo”.

Durante sua vida de pregador, confrontou-se com um rico latifundiário chamado Ezzelino que, inclusive, quis matar Santo Antônio.

Outro fato que devemos conhecer é que Santo Antônio conseguiu a anulação de uma lei que vigorava em Pádua e em muitos lugares da Itália. Essa lei favorecia os agiotas da época pois punha na prisão perpétua quem não pudesse pagar suas dívidas. Também os fiadores sofriam o mesmo castigo. Nosso Santo consegue anular essa lei injusta e no dia 15 de março de 1231, o governo de Pádua promulga uma nova lei que dizia: “A pedido do venerável irmão santo Antônio, confessor da Ordem dos Frades Menores, para o futuro nenhum devedor ou fiador poderá ser privado pessoalmente de sua liberdade quando não puder pagar a dívida. Somente suas posses poderão ser apreendidas neste caso, não porém sua pessoa e liberdade”.

Como podemos constatar, Santo Antônio foi grande defensor dos pobres usando a arma da Palavra de Deus e o testemunho de sua vida.



“Foi mestre da Palavra para seus irmãos”
São Francisco queria que seus frades fossem homens simples, que pregassem a Palavra de Deus com a força do testemunho e não com a eficiência da sabedoria aprendida nos livros. Daí sua resistência ao estudo da teologia. Mas sua Ordem tinha um papel a realizar no meio de tantos grupos heréticos que confundiam a cabeça do povo e eram ousados na pregação.

Muitos frades já manifestavam o desejo de uma preparação teológica que desse condições para anunciar com segurança a Palavra de Deus e o ensinamento da Igreja.
Antônio tinha condições de ajudar os irmãos nesta necessidade. Francisco compreendeu que era necessário ceder, embora colocando a condição fundamental para isso: o saber não tem um fim em si mesmo e nem deve ser meio para os irmãos adquirirem honra e fama perante os homens.

A permissão de São Francisco para Santo Antônio ensinar a teologia vai por meio de uma pequena carta com o seguinte conteúdo: “Eu Frei Francisco, saúdo a Frei Antônio, meu bispo.

Gostaria muito que ensinasses aos irmãos a sagrada teologia, contanto que nesse estudo não se extingam o espírito da santa oração e da devoção, segundo está escrito na Regra. Passar bem.

Ao chamar Santo Antônio de “meu bispo”, São Francisco quer indicar que a missão de Antonio se parece com a do bispo que na diocese é, por excelência, o administrador e distribuidor da Palavra de Deus.

Sabemos pouco sobre a atividade de Santo Antônio como professor de teologia! Mas os esquemas de seus sermões que ainda hoje nos encantam, nasceram nesta ambiente de ensino e certamente a pedidos dos frades que queriam aprender a partir daquilo que Santo Antônio falava ao povo.

Um dos primeiros frades a escrever a vida de São Francisco, Frei Tomás de Celano, assim se refere à presença de Santo Antônio no Capítulo da Ordem dos Frades Menores do ano de 1221: “Estava participando do Capítulo também Frei Antônio, a quem o Senhor abrira a inteligência para compreender as Escrituras, e que falava de Jesus a todo o povo com palavras mais doces que o mel e o favo” (1C 48).

E Antônio não decepcionou São Francisco, pois, ensinou aos frades a sagrada teologia somente para cultivar o gosto pela Palavra de Deus e iluminar a vida com a luz radiante da Palavra eterna que é o próprio Jesus.

“Foi profeta dentro de casa e no mundo”

Santo Antônio percebia que o surgimento de tantos movimentos religiosos em sua época e que terminavam na heresia, era causada, em grande parte, pelos próprios representantes oficiais da Igreja. No meio do clero não eram poucos os que relaxavam em suas obrigações pastorais e o mau exemplo de vida escandalizava os fiéis.
Falava Santo Antônio: “Os sacerdotes da Igreja não possuem a luz da sabedoria nem tampouco as verdadeiras virtudes no modo de agir, de maneira que o diabo dispersa as ovelhas e o ladrão, isto é, o herege, as arrebata para si”.
Nosso santo não poupou sua palavra profética contra o clero ganancioso e simonista, isto é, que ganhava dinheiro vendendo as coisas sagradas. Antônio o chama de “outros filhos de Jacó” que venderam seu irmão, José, por vinte moedas aos ismaelitas. Santo Antônio dizia: “Hoje José é Jesus que continuais vendendo”.
A palavra de Santo Antônio tem força por causa do testemunho que dá, e também porque a crítica que faz quer ser um apelo à conversão de todos que estão errados. Assim sendo, Antônio acorda os de dentro da Igreja e os que estão fora. A sua palavra profética denuncia todo mau exemplo, injustiça ou opressão que comprometem o plano de Deus para a humanidade inteira. Para Antônio a humanidade não possui a justiça de Deus “porque não O teme, desonra a religião, odeia o bem, torna-se ingrato para com Deus...”
Todos são chamados à santidade. Para ele “os santos nasceram para o bem do mundo porque a santidade é uma virtude que acaba beneficiando a todos”.
Se vivemos em Cristo, nossa vida iluminada na Dele, é luz que incomoda as trevas. Santo Antônio entendeu muito bem o que Jesus quis dizer quando afirmou: “Vós sois o sal da terra... Vós sois a luz do mundo...” (Mt 5,13.14).


“Foi mestre da oração”

Santo Antônio foi mestre da oração para todos, mas em especial para as pessoas simples com quem falava e partilhava sua missão de pregador do Evangelho. Por isso, ao se referir à oração, ele afirma:
“Se alguém quiser rezar ou meditar melhor, procure então representar para si em imagens claras a humanidade de Cristo, seu nascimento, sua paixão e sua ressurreição!” E continua: “Esta maneira de meditar costuma dar aos pobres em espírito e aos filhos de Deus mais simples uma felicidade tanto maior no amor, quanto mais se aproximarem da humanidade Dele”.
Antônio está em sintonia com a espiritualidade de Francisco e de Clara: de Francisco nasce o presépio para contemplar o mistério da encarnação, e a via-sacra para meditar o mistério pascal do Senhor. Santa Clara, escrevendo a uma de suas irmãs, Inês, pede que a cada manhã, contemple como num espelho a vida de Cristo procurando assemelhar ao Seu rosto.
A oração franciscana é marcada pela simplicidade das palavras e a riqueza das atitudes interiores e corporais. A simplicidade faz-nos falar com a linguagem da vida, já a riqueza das atitudes interiores aparece no reconhecimento de quanto somos pequenos diante da grandeza de Deus. Mas isso me enche de alegria, de humildade e confiança que me leva a entregar-me plenamente nas mãos de Deus. As atitudes corporais significam a sintonia com a natureza e o reconhecimento de que a criação reza conosco.
Santo Antônio não nos deixou um método de oração, mas em suas palavras encontramos muitas orientações concretas e seguras para buscarmos e vivermos a intimidade com o Senhor: “O bom mestre nos convida para longe da multidão inquieta: Vinde para a solidão do corpo e da alma”. Outra afirmação interessante de nosso santo é: “A vida do corpo é a alma, a vida da alma é Deus”.
Santo Antônio dizia: “Podemos rezar de três modos: com o coração, com a boca e com as mãos”. Rezar “com o coração” com a atitude do verdadeiro orante que reconhece diante de Deus sua pequenez, sua pobreza e reza na humildade. Mas mesmo nesta condição nossa boca não pode calar quando o coração sente a força da misericórdia de Deus e assim “a boca fala daquilo que o coração está cheio”. E à semelhança da Samaritana, temos de dizer: “Venham ver um homem que me disse tudo o que eu fiz” (Jo 4,29). Mas o coração que acolhe a misericórdia e a boca que a proclama leva a pessoa a agir bem, como dizia o próprio Jesus: “Que a vossa luz brilhe diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e louvem vosso Pai que está no céu” (Mt 5,16).

“Proclamou as maravilhas da Trindade”

Em Jesus entramos em comunhão com o mistério de Deus. Jesus nos revela o rosto do Pai e nos dá o Espírito Santo. Em Deus não há solidão, mas comunhão das Três divinas Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo.
Santo Antônio proclamou com palavras belíssimas o mistério da Santíssima Trindade: “Na Trindade se encontra a origem suprema de todas as coisas e a beleza perfeitíssima e o deleite beatíssimo. A origem suprema é Deus Pai, de quem procedem todas as coisas, de quem provêm o Filho e o Espírito Santo. A beleza perfeitíssima é o Filho, verdade do Pai, que lhe não é dessemelhante em ponto algum. O deleite beatíssimo e a soberana bondade é o Espírito Santo, dom do Pai e do Filho”.
Nestas palavras encontramos o ensinamento da Igreja associado à beleza e as comparações que Santo Antônio usava pala falar de mistério tão grandioso. Noutro sermão, ele usa uma comparação com a palavra “paz”, em latim, pax: “Na palavra PAX, há três letras e uma sílaba, em que se designa a Trindade e a Unidade: no P, o Pai; no A, primeira letra, o filho, que é a voz do Pai; no X, consoante dupla, o Espírito Santo, procedente de ambos. Assim, ao dizer Jesus aos discípulos: 'A paz esteja convosco', recomenda a fé na Trindade e na Unidade”.
Muitas vezes temos dificuldade de falar da Santíssima Trindade e Santo Antônio numa linguagem comparativa, alegórica, fala com simplicidade do mistério de Deus. Mas Antônio quer mostrar, sobretudo, as conseqüências de nossa fé na Trindade Santa. A conseqüência fundamental para quem acredita da Trindade é que nossa vida só tem sentido e só pode ser vivida em comunhão com os outros, com a criação e com Deus. A beleza da vida está na comunhão e na comunicação. É verdade que, na prática, tendemos à solidão e ao isolamento. Mas vibra em nós a realidade de Deus, a verdade suprema que é não a solidão de uma Pessoa, mas a comunhão e a comunicação das Três divinas Pessoas em um só Deus.
Santo Antônio afirma com beleza: “Na Trindade não se devem fazer degraus, de modo que o Pai se creia maior que o Filho, ou o Filho menor que o Pai, ou o Espírito Santo menor que ambos; mas deve-se acreditar que são simplesmente iguais, porque qual é o Pai, tal é o Filho e tal é o Espírito Santo”.
Pelo Batismo mergulhamos na vida da Trindade Santa e nos tornamos instrumentos de unidade na diversidade.
“Senhor, a luz do teu rosto, a luz da graça que estabelece em nós a tua imagem e nos torna semelhante a ti, está gravada em nós, impressa na razão como selo em cera”.

 “Viveu nesta vida construindo a eternidade” 



“Para quem se fixa no desejo da eternidade nada há no mundo que deseje, nada há do mundo que tema”. Estas palavras de Santo Antônio bem resumem o que foi sua vida: a busca da eternidade vivida no dia-a-dia em sua vida e missão.
Ele soube aproveitar o tempo que Deus lhe concedeu e que foram poucos, apenas 36 anos. E como diz o salmista, “Mil anos são aos teus olhos, Senhor, como o dia de ontem que passou, uma vigília dentro da noite” (Sl 89,4). 
A transitoriedade da vida vivida no desejo da eternidade fez Antônio viver plenamente os seus dias para a glória de Deus e para a salvação de muitos, pois, como ele mesmo dizia: “A santidade é uma virtude que acaba beneficiando a todos”. E Antônio é o santo do mundo inteiro, apesar de sua ação missionária está localizada quase toda na Itália, seu testemunho evangélico ultrapassou não só o espaço geográfico, mas o tempo. Ainda hoje ele ilumina a vida de quantos busquem Aquele que veio a nós para que possamos ir a Ele!
Seus últimos dias foram vividos num lugar de vida de oração dos frades, um eremitério, em Camposanpiero, na zona rural, a uns dezoito quilômetros de Pádua. Aproximava-se o verão e o clima em Camposampiero era mais ameno, como também a tranqüilidade e a solidão para o encontro com Deus na oração e na meditação. Era tarde demais para recuperar as forças e restabelecer-se corporalmente. O seu sofrimento era grande com a hidropisia (barriga d'água) e asma. Segundo pesquisas em suas biografias mais antigas, há probabilidade de que nosso santo tivesse diabetes. O que sabemos é que não poupou seu corpo, seu tempo e sua vida. Deu-se totalmente ao anúncio do Evangelho.
Quando o quadro de sua saúde piorou, a seu pedido trouxeram-lhe para Pádua. Os frades o trouxeram num carro puxado por dois bois. Fui uma viagem longa e sofrida e que terminou em Arcella, na periferia de Pádua, na tarde de 13 de junho de 1231.
Sua morte foi logo anunciada aos cidadãos de Pádua de modo maravilhoso: sem que ninguém dissesse, as crianças de Pádua ficaram inquietas e começaram a dizer pelas ruas: “Morreu o padre santo. Morreu o padre santo”.
Houve muita disputa no enterro, pois alguns queriam que fosse enterrado onde morreu, em Arcella, outros no convento de Santa Maria, em Pádua. Mas finalmente, foi sepultado em Pádua, numa terça-feira, 17 de junho de 1231.
Não demorou nem um ano para que fosse canonizado. Na festa de Pentecostes, no dia 30 de maio de 1232, foi canonizado na catedral de Spoleto, pelo papa Gregório IX. quando seu corpo foi exumado, sua língua estava intacta e continua intacta até hoje, numa redoma de vidro, na Basílica de Santo Antônio, em Pádua, onde estão seus restos mortais.




Relicário com a Lingua de
Santo Antonio

O reconhecimento dos restos é feito na presença de autoridades vaticanas, logo depois que o santo é canonizado.

No caso de Santo Antônio, o primeiro reconhecimento foi no dia 8 de abril de 1263.
“O corpo tinha virado pó, só restavam os ossos. Mas a língua estava intacta e há testemunhas oculares disso”, disse o padre Alessandro Ratti, porta-voz da Basílica de 

Santo Antônio de Pádua
.

Durante a operação de reconhecimento, a língua foi retirada e colocada em uma urna, e desde então está em uma área especial da Basílica de Pádua, ao lado de outra relíquia, uma parte do queixo do santo.
As duas podem ser vistas pelos fiéis.




Pela sua vida a serviço da glória da Trindade Santa e da salvação da humanidade, “ele mereceu ser colocado não debaixo do alqueire, mas no candelabro da Igreja católica”, para que seu exemplo continue iluminado a vida de todos.

Mais tarde, em 1934, foi declarado Padroeiro de Portugal. E em 1946, o Papa Pio XII proclamou Santo Antônio ‘Doutor da Igreja’, com o título de ‘Doutor Evangélico’. Santo Antônio não perdeu sua atualidade e é invocado pelo povo cristão, até hoje, para curar doença, achar coisa perdida e ajudar no casamento.
Um segundo reconhecimento dos restos foi realizado em 1981, por ordem do papa João Paulo 2°.




Pensamentos de Santo Antônio

“O paraíso é a primeira casa do homem”.
“Onde houver justiça, aí haverá sabedoria, e onde houver sabedoria, aí está o paraíso”.
“O paraíso é a terra dos vivos, possuída pelos humildes”.
“Celebramos a festa dos santos para aprender com o exemplo de suas vidas” e ainda, “os santos nasceram para o bem do mundo porque a santidade é uma virtude que acaba beneficiando a todos”.
“A pobreza reveste a alma de virtudes, as riquezas temporais a desnudam”.
“É raro o dano que não provenha da abundância”.
“A pobreza do filho de Deus foi tamanha, que na morte não teve sudário em que fosse envolvido nem túmulo em que fosse sepultado, se não lhe fossem dados, a titulo de misericórdia e de esmola, como se tratasse de pobre mendigo”.
“Como o homem exterior vive do pão material, o homem interior se alimenta do pão celeste, que é a Palavra de Deus”.
“Quem não ouve a Palavra de Deus e não observa a lei da caridade queima em vão o incenso da oração”.
“A palavra é viva quando falam as obras. Cessem, pois, as palavras e falem as obras. Estamos cheios de palavras mas vazios de obras!”
“Escuta como a Escritura consola o que padece tribulação: Quando tu passares pela água, eu estarei contigo e os rios não te cobrirão. Quando caminhares por entre o fogo, não serás queimado e a chama não arderá em ti, porque eu sou o Senhor teu Deus”.
“Assim como no favo há mel e cera, também na vida do homem justo há o mel da doçura interior e a cera da adversidade. A cera funde-se e desaparece na presença do fogo, na presença do amor divino”.
“Toda obra boa toma seu princípio na humildade”.
“A humildade é a mais nobre de todas as virtudes”
“A casa compreende alicerces, paredes e teto. Os alicerces simbolizam a humildade; as paredes o conjunto das virtudes: o teto a caridade. Onde estes três elementos se encontram reunidos, aí está o Senhor”.
“A pregação deve ser sólida, isto é, rica da plenitude das boas obras, propondo palavras verdadeiras, não frívolas, não apenas bonitas”.
“A pregação deve ser reta, não vá o pregador desfazer em suas obras o que disse no sermão. De fato, perde-se a autoridade de falar, quando a palavra não é ajudada pelas obras”.
“O estrume reunido em casa exala mau cheiro; disperso, fecunda a terra. Assim acontece com as riquezas: devem ser dispersas, isto é, distribuídas e restituídas aos pobres, que são seus donos, e assim hão de fecundar a terra do espírito e fazê-la frutificar”.
“Só te pertence o que podes levar contigo na morte”.
“Como o ouro está acima de todos os metais, assim a ciência sagrada sobressai a toda ciência”. 
“A vida contemplativa não foi instituída por causa da ativa, mas a vida ativa por causa da contemplativa”.
“Também o corpo tem seus profetas que lhe dizem: 'Para que serve o teu jejuar? Para que toda essa tortura? Vais adoecer; tornar-te-ás tão fraco que não poderás ser útil nem a ti nem aos outros'. Entretanto, a respeito desses videntes está escrito: 'Teus profetas anunciam a ti mentiras e engano”.
“Assim se tornam algumas pessoas, que antes de entrar para o convento viviam em casa de modo simples, mas apenas entraram para o convento começam a mostrar-se cheias de exigências. Esses tais não têm sua alegria na oração, mas na ociosidade e na preguiça... Viso àqueles que moram na igreja de Deus, mas vivem na ociosidade e no relaxamento, que em vez do silêncio da oração procuram a tagarelice e a conversa dos ociosos”.
“A doutrina de Cristo parece dura, porque ensina a dominar o corpo e desprezar o mundo. Por isso não se gosta de escutá-la”.
“Praticar uma boa obra é orar sem interrupção”.
“Somos templos de Deus e santos, se formos contemplativos, renunciando aos bens temporais; se mortificarmos nossa carne; se nos compadecermos do próximo”.
“O Espírito Santo é enviado pelo Pai e pelo Filho. Os três são de uma só substância e de inseparável igualdade. A unidade está na essência; a pluralidade nas pessoas”.
“Assim como a moeda se cunha com a imagem do rei, também nossa alma é gravada com a imagem da Santíssima Trindade”.
“Bem-aventurado o ventre da gloriosa Virgem, que mereceu trazer por nove meses todo o bem, o sumo bem, a felicidade dos anjos, a reconciliação dos pecadores”.
“Cristo na verdade veio em nosso socorro ao dar-nos sua divindade e aceitar nossa humanidade, para que pudéssemos ser aceitos no reino de Deus, uma vez que dele estávamos excluídos. Para que tivéssemos acesso ao céu, ele o deixou”.
“Porque o homem estendeu sua mão para apossar-se da glória da majestade divina, Deus se desfez da sua poderosa glória e na sua humildade se acomodou ao homem”.
“Alma de santo algum reuniu tantas riquezas de virtudes como a de Maria Santíssima. Por causa da insígnia da sua humildade, da flor ilesa da sua virgindade, mereceu conceber e dar à luz o Filho de Deus”.
“Maria é a estrela do mar. Ela é a estrela deslumbrante, que ilumina a noite e guia ao porto”.
“Maria: nome amável aos anjos, terrível aos demônios, salutar aos pecadores, suave aos justos”.
“Maria Santíssima ao dar a luz o Filho de Deus o envolveu em paninhos da áurea pobreza. Ó ouro ótimo da pobreza! Quem não te possui, ainda que possua todas as coisas, nada possui”.

Frases de Santo Antônio

"Deus é Pai de todas as coisas. Suas criaturas são irmãos e irmãs."

"É viva a Palavra quando são as obras que falam."

"Quando te sorriem prosperidade mundana e prazeres, não te deixes encantar; não te apegues a eles; brandamente entram em nós, mas quando os temos dentro de nós, nos mordem como serpentes."

"Uma água turva e agitada não espelha a face de quem sobre ela se debruça. Se queres que a face de Cristo, que te protege, se espelhe em ti, sai do tumulto das coisas exteriores, seja tranqüila a tua alma."

"A paciência é o baluarte da alma, ela a fortifica e defende de toda perturbação."

"Ó meu Senhor Jesus, eu estou pronto a seguir-te mesmo no cárcere, mesmo até a morte, a imolar a minha vida por teu amor, porque sacrificaste a tua vida por nós."

"Como os raios se desprendem das nuvens, assim também dos santos pregadores emanam obras maravilhosas. Disparam os raios, enquanto cintilam os milagres dos pregadores; retornam os raios, quando os pregadores não atribuem a si mesmos as grandes obras que fazem, mas à graça de Deus."

"Ó Senhor, dá-me viver e morrer no pequeno ninho da pobreza e na fé dos teus Apóstolos e da tua Santa Igreja Católica."

"Neste lugar tenebroso, os santos brilham como as estrelas do firmamento. E como os calçados nos defendem os pés, assim os exemplos dos santos defendem as nossas almas tornando-nos capazes de esmagar as sugestões do demônio e as seduções do mundo."
"Quem não pode fazer grandes coisas, faça ao menos o que estiver na medida de suas forças; certamente não ficará sem recompensa"

Alguns Milagres

Santo Antônio é sem dúvida o "Santo dos Milagres". A sua taumaturgia – relação de milagres - iniciada em vida com uma pluralidade de milagres que lhe valeram a canonização em menos de um ano, é, na história da Igreja, a mais vasta e variada.
De Santo "casadoiro" a "restituidor do desaparecido", passando por "livrador" das tentações demoníacas, a Santo Antônio tudo se pede. Citaremos abaixo alguns dos milagres operados por esse santo.

Santo Antonio prega aos peixes. Reza a lenda que estando a pregar aos hereges em Rimini, estes não o quiseram escutar e viraram-lhe as costas. Sem desanimar, Santo Antônio vai até à beira da água, onde o rio conflui com o mar, e chama os peixes a escutá-lo, já que os homens não o querem ouvir. Dá-se então o milagre: multidões de peixes aproximam-se com a cabeça fora de água em atitude de escuta. Os hereges ficaram tão impressionados que logo se converteram. Este milagre encontra-se citado por diversos autores, tendo sido mesmo objeto de um sermão do Padre Antônio Vieira que é considerado uma das obras-primas da literatura portuguesa.

Santo Antônio livra o pai da forca. Tinha havido um crime de morte em Portugal, onde nascera Santo Antônio. Todas as suspeitas do crime recaíam sobre o pai do santo.

Chegou o dia do julgamento. Os juízes estavam reunidos para proferir a sentença condenatória. Assentado ali no banco dos réus, seu pai não podia se defender.

Nesse momento Santo Antônio estava fazendo um sermão numa igreja da Itália. Conta-se que, em dado instante, ele interrompeu o sermão e ficou imóvel, como se estivesse dormindo em pé. Durante esse mesmo tempo foi visto na sala do júri, em Portugal, conversando com os juizes. Entre outras coisas, disse-Ihes o santo: Por que tanta precipitação? Posso provar a inocência do meu pai. Venham comigo até o cemitério.

Aceitaram o convite. Frei Antônio mandou abrir a cova do homem assassinado e perguntou ao defunto: "Meu irmão, diga perante todos, se foi meu pai quem matou você".

Para espanto dos juízes e de todos que ali estavam, o defunto abriu a boca e disse devagar, como se estivesse medindo as palavras:

"Não foi Martinho de Bulhões quem me matou". E tornou a calar-se. Estava provada de maneira milagrosa a inocência do seu pai. Mais uma vez a verdade triunfou sobre a mentira e a calúnia.

Operou-se aí dois fatos milagrosos, a bilocação, ou ato de uma pessoa estar (por milagre) em dois locais ao mesmo tempo, e o poder de reanimar os mortos.

Com o Menino Jesus nos braços: Outro milagre, também reportado na crônica do Santo, ocorre já no fim da sua vida e foi contado pelo conde Tiso aos confrades de Santo Antônio após sua morte. Estando o Santo em casa do conde Tiso, em Camposampiero, recolhido num quarto em oração, o conde, curioso, espreita pelas frinchas de uma porta a atitude de Frei Antônio; depara-se então uma cena miraculosa: a Virgem Maria entrega o Menino Jesus nos braços de Santo Antônio. O menino tendo os bracinhos enlaçados ao redor do pescoço do frade conversava com ele amigavelmente, arrebatando-o em doce contemplação. Sentindo-se observado, faz conde Tiso jurar que só contaria o visto após a sua morte. 



 
Curiosidades

Conta-se que seu pai, Martinho, gostava de ir a uma fazenda que possuía nos arredores de Lisboa. Um dia, levou o filho com ele. Ocorre que insaciáveis bandos de pássaros desciam continuamente para bicar os grãos de trigo. Era necessário espantá-los para impedir grave dano à colheita. Martinho encarregou o garoto de manter longe os pequenos ladrões.
O pai se foi e Fernando permaneceu correndo de cá para lá no campo. Em pouco tempo começou a se aborrecer com aquela ocupação. Não muito longe, uma capelinha rústica o convidava à oração. Mas o pai o mandava enxotar os passarinhos,não podia desobedecer.

Gritou, então aos pássaros, convidando-os a segui-lo para dentro de uma sala da fazenda. Obedientes os pássaros entraram. Quando todos estavam dentro, Fernando fechou as janelas e as portas, e foi tranqüilamente fazer sua visita ao Senhor.

Retornando o pai veio procurá-lo. Andou pelo campo, chamando-o cá e lá, mas não encontrou ninguém. Preocupado, dirigiu-se à capela e o descobriu, todo absorto na prece. Fernando tomou o pai pelas mãos e o conduziu ao salão repleto dos vôos e dos cantos dos graciosos prisioneiros. Abriu a porta e, a um sinal seu, os pássaros, em bando, retornaram os livres caminhos do espaço.
Outra história muito conhecida é a provável responsável pela associação de Santo Antônio com a descoberta de pessoas e objetos desaparecidos. Conta-se que, um dia, o frei descobriu que um noviço havia fugido do mosteiro e levado com ele seus comentários sobre o Livro dos Salmos. Ele, então, rezou para o retorno de ambos. Em pouco tempo, o jovem arrependido voltou para a vida religiosa, acompanhado, é claro, dos manuscritos.
 
Biografia de Santo Antônio de Pádua 1195

Nasce em Lisboa, filho de Maria e Martinho de Bulhões. É batizado com o nome de Fernando. Reside na frente da Catedral.
1202: Com sete anos de idade, começa a freqüentar a escola, um privilégio raro na época. 1209: Ingressa no Mosteiro de S. Vicente, dos Cônegos Regulares de S. Agostinho, perto de Lisboa. Torna-se agostiniano.
1211: Transfere-se para Coimbra, importante centro cultural, onde se dedica de corpo e alma ao estudo e à oração, pelo espaço de dez anos. 1219: É ordenado sacerdote. Pouco depois conhece os primeiros franciscano, vindos de Assis, que ele recebe na portaria do mosteiro. Fica impressionado com o modo simples e alegre de viver daqueles frades.
1220: Chegam a Coimbra os corpos de cinco mártires franciscanos. Fernando decide fazer-se franciscano como eles. É recebido na Ordem com o nome de Frei Antônio, enviado para as missões entre os sarracenos de Marrocos, conforme deseja.
1221: Chegando a Marrocos, adoece gravemente, sendo obrigado a voltar para sua terra natal. Mas uma tempestade desvia a embarcação arrastando-a para o sul da Itália. Desembarca em Sicília. Em maio do mesmo ano participa, em Assis, do capítulo das Esteiras, uma famosa reunião de cinco mil frades. Aí conhece o fundador da Ordem, São Francisco de Assis. Terminado o Capítulo, retira-se para o eremitério de Monte Paolo, junto dos Apeninos, onde passa 15 meses na solidão contemplativa e no trabalho braçal. Ninguém suspeita da sabedoria que aquele jovem frade português esconde.
1222: Chamado de improviso a falar numa celebração de ordenação, Frei Antônio revela uma sabedoria e eloqüência extraordinárias, que deixam a todos estupefatos. Começa sua epopéia de pregador itinerante.
1224: Em brevíssima Carta a Frei Antônio, São Francisco o encarrega da formação teológica dos irmãos. Chama-o cortesmente de " Frei Antônio, meu bispo".
1225: Depois de percorrer a região norte da Itália, passa a pregar no sul da França, com notáveis frutos. Mas tem duras disputas com os hereges da região.
1226: É eleito " custódio" na França e, um ano depois, " provincial" dos frades no norte da Itália.
1228: Participa, em Assis, do Capítulo Geral da Ordem, que o envia a Roma para tratar com o Papa de algumas questões pendentes. Prega diante do Papa e dos Cardeais. Admirado de seu conhecimento das Escrituras, Gregório IX o apelida de "Arca do Testamento".
1229: Frei Antônio começa a redigir os "Sermões", que hoje possuímos impressos em dois grandes volumes.
1231: Prega em Pádua a famosa quaresma, considerada como o momento de refundação cristã da cidade. Multidões acorrem de todos os lados. Há conversões e prodígios. Êxito total! Mas Frei Antônio está exausto e sente que seus dias estão no fim. Na tarde de 13 de junho, mês em que os lírios florescem, Frei Antônio de Lisboa morre às portas da cidade de Pádua. Suas últimas palavras são: " Estou vendo o meu Senhor ". As crianças são as primeiras a saírem pelas ruas anunciando: "Morreu o Santo".
1232: Não tinha bem passado um ano desde sua morte, quando Gregório IX o inscreveu no catálogo dos santos.
1946: Pio XIII declara Santo Antônio Doutor da Igreja, com o título de "Doutor Evangélico".




Orações
Cinco Minutos diante de Santo Antônio

Há quanto tempo te esperava, ó alma devota, pois bem conheço as graças de que necessitas e que queres que eu peça ao Senhor.
Estou disposto a fazer tudo por ti; mas, filho, dize-me uma a uma todas as tuas necessidades, pois desejo ser o intermediário entre tua alma e Deus, com o fim de suavizar teus males. Sinto a aflição de teu coração e quero unir-me às tuas amarguras.
Desejas o meu auxílio no teu negócio..., queres a minha proteção para restituir a paz na tua família..., tens desejo de conseguir algum emprego.... queres ajudar alguns pobres..., alguma pessoa necessitada..., queres a tua saúde ou a de alguém a quem muito estimas? Coragem, que tudo obterás.
Agradam-me também as almas sinceras que tomam sobre si as dores alheias, como se fossem próprias. Mas eu bem vejo como desejas aquela graça que há tanto tempo me pedes.
Tem fé que não tardará a hora em que hás de obtê-la.
Uma coisa, porém, desejo de ti. Quero que sejas mais assíduo ao Santíssimo Sacramento; mais devoto para com a nossa Mãe, Maria Santíssima; quero que propagues a minha devoção e ajudes meus pobres. Oh! Quanto isso me agrada ao coração! Não sei negar nenhuma graça àqueles que socorrem aos outros por meu amor, e bem sabes quantos favores são obtidos por esse meio.
Quantos, com viva fé, têm recorrido a mim com o pão dos pobres na mão e são atendidos! Invocam-me para ter êxito feliz em um negócio, para achar um objeto perdido, para obter a saúde de uma pessoa enferma, para conseguir a conversão de alguém afastado de Deus, e eu, por amor dos meus pobres cuja miséria está a meu gargo, obtenho de Deus tudo o que pedem e ainda muito mais.
Temes que eu não faça outro tanto por ti? Não penses nisso, porque prezo muito as prerrogativas concedidas por Deus de ser o Santo dos milagres.
Muitos outros, como tu, têm precisado de mim e temem pedir-me, pensando que me importunam. Quanto és tímido, meu bom amigo!
Leio tudo no fundo do coração e a tudo darei remédio; hei de obter as graças, não temas.
Agora, volta às tuas ocupações e não te esqueças do que te recomendei; vem sempre procurar-me, porque eu te espero; tuas visitas me hão de ser sempre agradáveis, porque amigo afeiçoado como eu não acharás.
Deixo-te no Coração Sagrado de Jesus e também no de Maria e no de São José.
Rezar um Pai Nosso, Ave-Maria e Glória.

Responsório de Santo Antonio
Se milagres desejais
Contra os males e o demônio
Recorrei a Santo Antônio
E não falhareis jamais.
Pela sua intercessão
Foge a peste, o erro e a morte,
Quem é fraco fica forte
Mesmo o enfermo fica são.
Rompem-se as mais vis prisões,
Recupera-se o perdido,
Cede o mar embravecido,
No maior dos furacões.
Penas mil e humanos ais,
Se moderam, se retiram;
Isto digam os que viram,
Os paduanos e outros mais.
Rogai por nós Santo Antônio,
Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Bênção da saúde

Pelo sinal e poder da Santa Cruz, +
pela intercessão da Virgem Maria,
o Senhor vos abençoe e proteja,
volva seu olhar e tenha compaixão de vós.
Que o Senhor mostre sua face misericordiosa
e vos dê a paz
e vos conceda a almejada saúde.

Pelo sinal da Santa Cruz, +
Jesus que aliviou os sofrimentos,
curou as doenças e libertou os possessos do demônio,
afaste de vós todos os males e enfermidades.

Pelo sinal da Santa Cruz, +
vos abençoe Jesus Cristo com sua Mãe a Virgem Maria.

Amém.

Pai Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai

Benção de Santo Antonio
(Breve de Santo Antônio)

"Eis aqui a Cruz do Senhor!
Fugi, partes contrárias,
venceu o leão da tribo de Judá
e a Raiz de Davi.
Aleluia, aleluia!
Cristo vence,
Cristo reina,
Cristo manda com império,
Cristo nos defende de todo o mal.
Cristo Rei veio em paz, o Verbo se encarnou e Deus se fez homem".

Rogai por nós, Santo Antônio.
Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

OREMOS: Ó Deus, nós vos suplicamos que a presença de Santo Antônio, vosso confessor e doutor, alegre a vossa Igreja para que, fortalecida sempre com os auxílios espirituais, mereça gozar as alegrias eternas. Por Jesus Cristo.

Amém!

Bênção do pão de Santo Antonio

Senhor, Pai Santo, Deus eterno e todo-poderoso
abençoai + este pão, pela intercessão de Santo Antônio,
que por sua pregação e exemplo
distribuiu o pão da vossa Palavra aos vossos fiéis.
Este pão recorde aos que o comerem ou distribuírem com devoção,
o pão que vosso Filho multiplicou no deserto para a multidão faminta,
o Pão Eucarístico que nos dais todos os dias no mistério da Eucaristia;
e fazei que este pão nos lembre o compromisso
para com todos os nossos irmãos necessitados de alimento corporal e espiritual.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
pão vivo que desceu do céu, e dá vida e salvação ao mundo,
na unidade do Espírito Santo.

Amém!

Para que não falte o Pão

Santo Antônio, amigo dos pobres,
peço-te a graça de nunca faltar pão e alimento em nossa mesa.
Prometo-lhe, por minha vez, olhar sempre para os mais necessitados,
repartindo com eles o pão que nos mandares, através do trabalho honesto.
Ajuda-nos a buscar sempre o Pão vivo que desceu do céu, que é Jesus na Eucaristia.

Amém

Oração para achar objetos perdidos

Eu vos saúdo, glorioso Santo Antônio,
fiel protetor dos que em vós esperam.
Já que recebestes de Deus o poder especial
de fazer achar os objetos perdidos,
socorrei-me neste momento,
a fim de que, mediante vosso auxílio, eu encontre o objeto que procuro...
Alcançai-me, sobretudo, uma fé viva,
uma esperança firme, uma caridade ardente
e uma docilidade sempre pronta aos desejos de Deus.
Que eu não me detenha apenas nas coisas deste mundo.
Saiba valorizá-las e utilizá-las como algo que nos foi emprestado
e lute sobretudo por aquelas coisas que ladrão nenhum pode nos arrebatar
e nem iremos perder jamais.
Assim seja.

Ato de consagração a Santo Antonio

Ó grande e bem-amado Santo Antônio de Pádua!
Vosso amor a Deus e ao próximo,
vosso exemplo de vida cristã,
fizeram de Vós um dos maiores Santos da Igreja.
Eu vos suplico tomar sob vossa proteção valiosa
minhas ocupações, empreendimentos, e toda a minha vida.
Estou persuadido de que nenhum mal poderá atingir-me
enquanto estiver sob vossa proteção.
Protegei-me e defendei-me: sou um pobre pecador.
Recomendai minhas necessidades
e apresentai-vos como meu medianeiro a Jesus, a quem tanto amais.
Por vosso mérito, Ele aumente minha fé e caridade,
console-me nos sofrimentos,
livre-me de todo mal e não me deixe sucumbir na tentação.
Ó Deus poderoso, livrai-me de todo o perigo do corpo e da alma.
Auxiliado continuamente por Vós,
possa viver cristãmente e santamente morrer.

Amém.

Oração pelos benfeitores

Ó glorioso Santo Antônio, que estás tão perto do Senhor,
peço-te que intercedas por todos os que me amam
e que me fazem algum bem.
Lembra-te também de todos os que, no passado, se aproximaram de mim
com sua bondade, sua ajuda e seu conforto.
Que o Senhor atenda suas aspirações e desejos,
recompensando abundantemente a generosidade deles
nesta vida e no céu.

Amém.

Para alcançar uma graça

Eu te saúdo, pai e protetor Santo Antônio!
Intercede por mim junto a Nosso Senhor Jesus Cristo
a fim de que ele me conceda a graça que desejo (mencionar a graça).

Eu te peço, amado Santo Antônio,
pela firme confiança que tenho em Deus a quem serviste fielmente.
Eu te peço pelo amor do menino Jesus que carregastes em teu braço.
Eu te peço por todos os favores que Deus te concedeu neste mundo,
pelos inúmeros prodígios que Ele operou
e continua operando diariamente por tua intercessão.
Amém

Oração por uma pessoa enferma

Ó querido Santo Antônio,
que sempre ajudaste os que a ti recorrem com confiança,
peço-te com fervor por uma pessoa doente a quem quero muito.
Suplico-te que obtenhas o dom da sua cura
ou, pelo menos, que sejam aliviados os seus sofrimentos,
e ela tenha a força de oferecê-los a Deus em união com a paixão de Cristo.
Tu, que na tua vida terrena foste amigo dos que sofrem
e te prodigalizaste em favor deles através da caridade e do teu dom dos milagres,
fica a nosso lado com tua proteção,
consola o nosso coração,
e faze que nossos sofrimentos físicos e morais
sejam fonte de merecimento para a vida eterna.
Amém.


Oração pela família

Querido Santo Antônio!
Abençoai e protegei a nossa família.
Conservai-a sempre unida no amor.
Assisti-a nas necessidades temporais
e afastai dela todo mal.
Abençoai-nos.
Fazei que nunca nos falte trabalho
como também todas as coisas necessárias
para podermos viver honestamente
e educar bem os filho.

Oração a Santo Antonio

Lembrai-vos, glorioso Santo Antonio,
amigo do Menino Jesus, filho querido de Maria Imaculada,
de que nunca se ouviu dizer de alguém que tenha recorrido à vós,
que tenha sido por vós abandonado.
Animado de igual confiança,
venho à vós fiel consolador e amparador dos aflitos.
Gemendo sob o peso dos meus pecados,
me prosto a vossos pés.
Não rejeitais, pois, a minha súplica: (fazer o pedido).

Sendo tão poderoso junto ao Coração de Jesus,
escutai-a favoravelmente e dignai-vos a atendê-la.

Amém.
Rezar um Pai Nosso, uma Ave Maria e um Glória ao Pai.


Oração a Santo Antonio em ação  de graças

Glorioso taumaturgo Santo Antônio,
pai dos pobres e consolador dos aflitos,
que com tanta solicitude viestes em meu auxílio e assim me consolastes;
eis-me a vossos pés para vos trazer o meu agradecimento.
Aceitai-o junto com a promessa, que vos renovo,
de viver sempre no amor de Jesus e do próximo.
Continuai a me conceder vossa proteção
e obtende-me a graça final de poder entrar um dia no céu
para cantar convosco as divinas misericórdias.

Assim seja

FILME: SANTO ANTONIO DE PÁDUA

http://gloria.tv/?media=124138


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